Páginas

terça-feira, 24 de março de 2015

Poema de dias comuns

Fica observando os ratos andando nos trilhos do trem
sabe que quando se escondem é porque um vem

se faz de cega
enquanto nota
olhando o  reflexo do vidro no ônibus
que o casal ao lado briga
e que a garota sentada desliga na cara
do outro lado da linha


Na fila do supermercado tenta imaginar
pelas compras no carinho a vida dos desconhecidos

[já acertou que o homem que comprou cervejas e papel higiênico é solteiro]


sexta-feira, 13 de março de 2015

Estive pensando naquela noite em que eu amparava sua tristeza, como alguém que rega uma planta para que ela não morra
recordo da sua camiseta branca,
fazia frio e eu estava de shorts
Estávamos sentadas no chão , quando senti sua lágrima quente cair sobre meu braço
estava escuro, mas eu pude notar que você estava grata naquele momento por não estar só, mas só naquele momento.

quinta-feira, 12 de março de 2015

vive de ficção
inventa mentiras
põem sempre uma máscara ao sair de casa
um punhado de sarcasmo e outro de sabedoria

tem tiques involuntários
um riso alto, nervoso
um olhar que julga o amor do outro
um abraço esperando um corpo
que possa aplacar seu temor:
Da morte
Da vida
Da fatura do cartão de crédito.

terça-feira, 3 de março de 2015

Tá tudo morno
Feito  água da chaleira que não ferveu, porque de repente o gás acabou (e ele sempre acaba de repente).

Tá tudo parado feito congestionamento de feriado prolongado

Meio a meio
Meia boca