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sábado, 31 de outubro de 2009

A Eternidade má.

Na alegria ou na doença... até que a morte os separe. O casamento, essa constituição, que agora observo e me parece tão movida ao lado mecânico do “estar casado”, pessoas afirmam que se casam por amor, pela paixão, à vontade desenfreada do desejo e ao longo afirmam sem o menor pudor que se mantêm casados, ou pelos filhos ou pelo carro na garagem, pelo dinheiro na poupança, pelo acomodo de se ter janta posta na mesa, cuecas estendidas no varal, pela ilusão de bem-estar da família que forja união assistindo TV em uma sexta à noite e mal se olham. Acostumam-se a falta do beijo na ida e retorno do trabalho, aos abraços dados com fervor apenas na noite de natal, onde seus corações se abrem e se fecham em 1º de janeiro.
O amor acaba e resta apenas a marca branca ao redor do dedo, simbolizando o eterno espaço que se abre entre a alegria e a doença de se enganarem, como num filme hollywoodiano, antigos companheiros.



O Amor Acaba

Paulo Mendes Campos


O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009




Tô pensando no futuro, não há nada mais sacrificante do que pensar no que não aconteceu e pior, talvez nunca aconteça. Agora morando sozinha o único pensamento que me deixo perder tempo é as dúvidas sobre se deixei o gás ligado, a luz acesa, a porta aberta, e se realmente guardei o dinheiro do aluguel, tô querendo ter pensamentos infundados, simples e voluntário (querendo! e como sempre, dele, não tenho o mínimo poder) tô sem saco pra complexidades e decidi não mais remoer o passado, ele que fique por lá, cheio de teias de aranha e roedores, o passado só é válido se dá saudade, senão o excluo como se dele não fizesse parte. Entre o passado e o futuro me sobra o presente e no fundo nada tenho a declarar sobre ele, pois sobra me soa como resto, e o resto também não me interessam.
Passado, futuro, presente e EU, sem tempo, com um mau humor dos diabos, uma dor de cabeça, insônia e SÓ, essa palavrinha com duas letras que resume bastante tudo isso.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

“O amor que precisamos correr atrás, nunca alcançaremos”.

Talvez, você pedinte do afeto que antes foi lhe dado, seja motivado pela culpa do seu amor desonesto.


Nunca mentistes pra mim, seus atos grosseiros muito me magoaram, mas nunca mentistes pra mim, se não me amas não me venha com frases de amor, se não me deseja, não me toque. È assim que acontece, é tudo questão de escolha.
E nenhuma frase bonita ressoa de seus lábios, mas sua presença muito me acalenta.
Nenhum momento cinematográfico. Julga-te tosco e impróprio e eu persisto por uma razão a mim não identificada, talvez por nunca ter mentido a mim, por não ter forjado nada, doeu, mas foi real, e mesmo que parte minha tenha desabado a outra parte está você com todos seus erros catalogados.
Não corro atrás, não mais, assino em letras garrafais a sentença de meus delitos, e o amor que venha se dele for digna.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Cutucando a ferida:

"Tu vê se me erra e num me nota até o fim de seus dias,tenho nojo de ti e de teu véio,tu só me fez mal,me encorajou mal,ajudou e muito na perda do único ser que realmente valia a pena obter e me ter.Tu e toda essa laia me enoja e muito.Principalmente teu véio,que tente comêr uma puta qualquer de beira de estrada além de ti,não essa preciosidade que aqui vos fala,passe bem,e suma."

Não

" Não lerei nada,já apaguei é tudo,quero que suma ainda mais de minha vida,pessoas que trocam "amigos"pela primeira velharia asquerosa que aparece,não merece nada além de se fuder,bem ou mal,tanto faz,só tenho nojo de todos vcs,nada mais,nem falta,nem ódio,nem nada além de nojo.Suma,e não vou escrever mais nada,não quero manter contato nenhum contigo.Ignorar-te um novo prazer!
Me redimir de erros estupidos do passado só preciso fazer isso a uma pessoa,mesmo que nunca fique com ela,mas que perdoe de verdade e acredite na minha "sanidade",só uma,e não é você.Seja feliz ou não,tanto faz,não estarei por perto pra ver,se vire,se eu posso todos podem."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

“Você não entende nada” ouço essa música repetidamente, a letra me passa um ameno desespero, um chamado de atenção, esse sambinha maneiro, o voz suave da Gal Costa, sossega meu peito nessa sexta friorenta e de certa forma a letra ilustra bem um de meus desejos, não sei explicá-lo, é tão difícil fazer-me entender, na maioria das vezes minhas frases são interpretadas de maneira equivocada é por conta disso que me calo e escrevo quem sabe, assim você entenda.


Dias desses deixarei você louco, minha tagarelice, esse medo absurdo me vem vez por outra, é, estou falando de amor, pior, da falta dele, e por essa ausência aceito de bom grado carinho, afeto, não há nada pior do que pedir amor, do que rezar pra que este venha, certas coisas são dadas de graça, são ilógicas, apenas surgem, não sei se é pedir muito, mas queria um companheiro pra toda vida, alguém que achasse bonito me ver acordar, que sentisse uma falta imensa do meu cheiro, do meu toque, que me quisesse em totalidade, quero alguém que me queira assim, absoluta.

Sempre julguei impossível amar sozinha, se bem que nesse instante estou em um grau, mas louco do amor, ou talvez no começo dele, sei lá, há coisas que não dá pra diagnosticar, denominar e julgo agora que tudo se faz possível. Sei apenas que sinto tua falta e desejo não mais gritar, nem acenar, quero ficar quieta, testemunhando seu sono, acariciando seu rosto sobre os lençóis desforrados e sentir no seu silêncio o que preciso ouvir. Quero-te aqui, nesse presente embrulhado, no futuro almejado, quero-te agora viver como se não houvesse mais tempo, mas quero a cada segundo ouvir sua voz rouca que vezes me acalma, quero aqui nessas palavras dedicar tudo o que não digo e lhe confesso : sou sua, somente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009



“Quem vê foto não vê coração” foi assim, ao entrar em minha página no orkut a primeira de minhas 24 comunidades que avistei, e concordo no mundo virtual tudo parece tão lindo, aí você fuça vê fotos em preto e branco, de viagem, de beijos apaixonados em seqüência, declarações românticas em depoimentos então  paro e penso: Se isso for amor, minha relação amorosa vai de mal a a ruim, pior ainda, minha vida é tão medíocre que nem o photoshop resolve. Estou me queixando sim, queixo-me dessa vida que não sei se bom ou ruim é tão real, não há bexigas coloridas, nem diálogos cinematográficos, por pensar assim essa outra comunidade figura bem o que foi dito “A vida não imita a arte, imita um programa ruim da televisão” essa frase dita por wood Allen explica bem o fato de ele ser cineasta, pena que nem todos têm o poder de mudar a realidade, ou melhor, moldá-la. Sempre acreditei em outro mundo, só que não em planetas, ET’s ou coisa do gênero, sempre acreditei que todos possuíssem mundos paralelos, um mundo dentro de si, eu escrevo, eu fantasio, tento me abstrair de toda sordidez humana, tento me esquecer até da conta de água na caixa de correio e quando me deito fico lá imaginando, criando história, nesse processo crio uma espécie de bolha, a bolha é tão frágil, como goma de mascar ela estoura e quando perde o doce, o viço, a gente troca e começa tudo outra vez, pois assim como goma de mascar a bolha gruda na gente, tanto mais tanto que se torna parte de nós.









Bem acho que o mundo virtual, me serve como escape. Nada lá é comparável com a realidade.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Primeira pessoa do verbo viver.

Lembrei - me agora de minha infância, digo, da época em que possuía menos idade, pois infância me soa algo meio mágico, e não que tal época tenha sido abominável, mas sei lá, foi tudo tão rápido, acho que desde antes minha alma era velha, me disseram isso certa vez em um bar no centro, creio que seja verdade, fui um tanto madura, previsível, fui àquela criança sem graça, canela fina e barriga protuberante, ao menos a parte" barriga protuberante" mudou, já o resto, tá quase a mesma coisa, então me considero meio criança ainda. Mudei um pouco sim, coisa mínima, tenho muito a aprender, mas apesar de tudo não me considero uma pessoa essencialmente ruim (ninguém é essencialmente alguma coisa somos o misto de tudo, somos humanos), mas hoje um diálogo com minha mãe me fez refletir um pouco, impressionante como uma simples citação desencadeia uma discussão de 1hora ininterruptas, se bem que foi monólogo, ela disse disse e meu único impulso foi respirar fundo, rezando pra que acabasse. A discussão começou comigo, dizendo apenas que não gosto de enterro (acho que ninguém gosta) minha mãe então concluiu que nem no dela eu iria, consenti. Não sou boa com despedidas, prefiro deixar tudo assim no susto e não há nada mais súbito que a morte. Gosto de pensar que a ultima vez tenha sido alegre, ver alguém encaixotado é angustiante, a vida resumida em sua altura, seus amigos e familiares carregando o peso de uma vida inteira, tudo numa cova escura.


Penso que não devemos nos preocupar com a morte, ela virá certamente, não me preocupo com meu enterro ou com quantas pessoas irá presenciá-lo, preocupo-me com a vida, essa coisa toda sem manual de instruções, e tento do meu jeito viver da melhor maneira, esse tempo todo apenas existi, minha existência passou em branco, aos outros, á mim, passei boa parte querendo ser útil, agradar, acreditando que "“ a grama do vizinho era mais verde” observando as vidas alheias, quero agora viver, estou me esforçando pra isso, caraca que esforço! o que acreditava não existe mais, tento criar fé, me traçar objetivos, pra engrenagem vivencial não enferrujar. Quem sabe agora, nessa tentantiva de viver, meu espaço não se resuma em um branco que cega, quem sabe? é ninguém sabe, ninguém nunca sabe.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

=$

Meus cabelos vão crescer.
Talvez pinte, repique, nem sei.
Casa, comida e roupa suja.
Dívidas e dividas
Saudade, uma imensa saudade.
Meu futuro: todos são tão incertos e nada é assim e-xa-ta-men-te como se quer. Um apego ao passado, um medo danado.
Aqui
Lá em casa
Minha vida começa, assim aos poucos, devagarzinho. Pois é, eis que agora um raio de sol adentrou a janela e eu, bem, (vai ficar tudo nos conformes!).

:D