Perdi o dom de querer saber como estão as coisas
desse lado não quero noticias
e sim afastamento
do de cá, faça o favor,não perguntar
( Pra algumas questões, a resposta é o esquecimento).

Copos descartáveis no vai-vem dos dias,
refrescando seu corpo,
que de tão cansado repousa, vez ou outra, as mãos na cintura
e coça os olhos
e tira os óculos
falando baixo suas opiniões dos noticiários
e rindo, singelamente, a luz da tela LCD.

Não se deixe intimidar pela precariedade da vida.

Sinto que estou viva quando me emociono, hoje com um pôr do sol alaranjado, um pouco encoberto por árvores, ontem por um gesto humano na forma de devolver 25 centavos.

Não sou das mais otimistas, mas vejo beleza na vida (dos outros).

Odeio você, a forma como escreve e tenta tornar tudo especial, já li esse roteiro antes, é de uma reprise incontestável. E o que aconteceu com o antes?  Os passados fazem parte de nossos presentes, só que algumas vezes, indesejavelmente.

Gostaria de esquecer TUDO, sem exceções, desejo tanto... ser menos eu e mais você, com tua volubilidade, sua facilidade de troca, assim, feito uma porcelana que quebra é reposta num dia qualquer de ida ao supermercado.

Tenho ternura e saudade, da forma como via algumas coisas, de como me sentia. Saudade é sufocante , quando não a matamos, nos mata aos pouquinhos.

Eles

De mãos dadas
saia de poás
barba
doçuras na praça  Roosevelt, registradas em  movimentos preto-branco.

Me diga o quanto você espera,
o tempo todo a chegada da hora.
Me diz se te cansa
tanta polidez
tanto vai-vem
e se ao fim do dia você toma um banho quente
esquece o hoje e dorme
tendo como companhia o barulho do relógio.

[ O Tempo passa]

Violeta

Vinte e quatro
a quatro anos...tanto tempo
sempre achei 17/09 uma data especial, já lhe contei isso?
Números ímpares, assim como Você!

Perceber que não sabemos nada,

assinar nossa ignorância fonte Arial Black

sacar toda a delicadeza

por pra fora

aos gritos 

os gatos que adentram a janela

descobrir que o fato é que a dúvida nos mantem alerta,

pra surpresa que a vida nos guarda

uma especie de caixa de pandora,

onde sobre-nos a esperança de dias melhores que amanhã.

Às vezes gostaria  que estivesse aqui, mas só se fosse com aquela impetuosidade que me impressionava, me dava energia.
Freguentemente eu sinto falta de apertar seus dedos rechonchudos e rosados

Penso demais
sou cheia de perguntas, talvez por isso, crie tantas histórias nas idas e voltas do trabalho, na farmácia, no ponto de ônibus, na fila do supermercado...
quem sabe, criar histórias seja meu meio de amenizar, de dar respostas, de botar nos eixos os pregos
que vez ou outra se desprendem da minha cabeça.

Estou exatamente aonde não gostaria de estar
tendo em mim uma vontade quase irresistivel de surtar, largar tudo

reiniciar como um computador que dá pau

com frequência querendo não existir, ser outro, quem sabe sumir.
Hoje eu tenho uma canção que não canso de ouvir,
uma, duas, três... onze vezes

Out of reaches - Stephen Malkmus

Cansada de ser escape do seu premeditado futuro vazio

cheio de bolsos;

guarda volumes;

sacos plásticos;

pedra pomes.

.

Eu me sentia tão forte com você. Nunca mais me senti forte.

[ ]

Sinto-me, um misto de exagero com falta, o estilhaço de um espelho
Vejo-me tão sem mim quanto você, sem diferença.


 Tenho a sensação que o todo sem a parte é como um membro, que mesmo caído se estremece, sente frio e ás vezes, mesmo que de relance, se vê reimplantado, cheio de pontos, inchado, mas ali, pronto para ser reaberto, cicatrizar, sabendo que até mesmo os tapas na cara,  uma especie de mão boba, te fizeram se sentir vivo, parte de algo especial.


 O que foi mesmo que aconteceu?